O autor da obra “Genealogias das ilhas do Fogo e Brava e de Bissau – subsídios”, Jorge Forjaz, desafiou sexta-feira as famílias e, sobretudo os investigadores e historiadores, a continuarem a investigação sobre as famílias da ilha.
O autor e membro da Academia Portuguesa da História lançou esse repto, quando apresentava os dois volumes ligados à história das famílias das duas ilhas e da Guiné-Bissau, enquadrado nas comemorações do centenário da elevação de São Filipe à categoria de cidade.
Jorge Forjaz disse que “se pode fazer muito mais” e que se continuasse com as investigações em vez de dois podiam ser três ou mesmo cinco volumes.
“É uma vida inteira dedicada a este tipo de trabalho”, referiu o autor, observando que esta obra como as demais representa o “prazer de investigação muito organizada em busca de soluções”.
Jorge Forjaz, que já publicou trabalhos do género relativamente a Açores, Macau, Índia e Moçambique, disse que antes de iniciar este trabalho não conhecia e nem tinha a mais pequena ideia sobre as famílias das ilhas do Fogo e Brava.
Disse que foi desafiado por um amigo cabo-verdiano a fazer esta investigação tendo o mesmo lhe oferecido alguma bibliografia que serviu de base, tendo depois passado um mês a trabalhar no arquivo nacional na Cidade da Praia e com uma deslocação à ilha do Fogo, onde encontrou “muita informação” para este trabalho.
Jorge Forjaz avançou que quando se começa não interessa conhecer muito porque todas as famílias têm algumas memórias e lembranças, mas muitas não são bem verdadeiras porque foram alteradas, referiu.
O autor sublinhou que começou a trabalhar nos documentos antigos que encontrou nos arquivos e que só depois de ter estruturado as informações sobre as famílias e quando quer saber sobre a parte moderna dessas famílias é que começou a falar com as pessoas que dão os dados correctos, embora possam enganar numa ou noutra data.
“São subsídios para conhecimento da sociedade do Fogo e da Brava. São informações bastante alargadas, de algumas famílias muito minuciosas e outras nem tanto”, destacou o autor, sublinhando que a obra vai ajudar as famílias a reconstruírem as suas origens, saber os laços de parentescos, conhecer os primos mais afastados.
Outro aspecto retratado na obra é a questão da consanguinidade que, segundo Jorge Forjaz, “é enorme”, apontando que isso acontecia ou acontece porque as pessoas viviam num pequeno território e casava-se com as pessoas da mesma rua.
“As famílias tinham tendência em casar-se com os primos até para manter as propriedades, há casamentos de primos directos, entre tias e sobrinhos e sobrinhas e tios, era uma constante”, disse.
Este livro vai mexer com muitas pessoas que vão encontrar a si mesmas, os seus amigos, familiares e por isso é de opinião de que devia existir um exemplar na Biblioteca Nacional para consultas e outro exemplar em São Filipe para a mesma finalidade, talvez na Casa das Bandeiras ou na biblioteca municipal.
Hoje, no quadro do programa comemorativo do centenário da cidade de São Filipe está programado o lançamento do livro “Comandante Pedro Pires: Memórias da luta anticolonial em Guiné-Bissau e da construção da República de Cabo Verde” e conversa com o Comandante Pedro Pires.
JR/CP
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