19 Março 2024

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Erupção vulcânica: Moradores de Chã preferem encostas de Monte Amarelo e Ilhéu de Losna para novo assentamento

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Actualizado a 03/01/2015, 00:38 São Filipe, 03 Jan (Inforpress) – A preferência da população deslocada de Chã das Caldeiras para o novo assentamento vai para as encostas do Monte Amarelo e de Ilhéu de Losnas ou em cima das lavas das erupções de 1995 e de 2014. Depois de, no primeiro inquérito terem apontado a zona de Cabeça Fundão como a mais indicada para a edificação do novo assentamento para albergar os deslocados de Chã das Caldeiras e com o passar dos dias da erupção, várias pessoas consideram que é viável rehabitar na caldeira, pois existem espaços seguros para o regresso das pessoas. “Existem áreas mais seguras e estratégicas na cadeira para que as pessoas continuem a viver perto do vulcão”, disse Mustafá Eren que há oito anos trocou a Alemanha para a Caldeira onde se sente integrado na comunidade como um verdadeiro habitante da localidade. Na sequência da erupção que destruiu os principais povoados de Chã das Caldeiras, os seus moradores têm dialogado com vários especialistas que acompanham a actividade vulcânica e estão cada vez mais determinados num regresso à caldeira assim que a erupção termine. “Não é um vulcão bruto que mata pessoas ou causas doenças. É perigoso porque destrói casas e campos de cultivo”, alegou Mustafá Eren, anotando que as pessoas podem construir as suas habitações nas duas encostas (Monte Amarelo e Ilhéu de Losna) ou em cima das lavas numa altura de 30 a 40 metros. Além dessas três possibilidades, a população identificou ainda a encosta nas proximidades de Fonte Galinha (entre Portela e Boca Fonte) como alternativa, assim como o Montinho de Monte Velha, que fica mais distante da caldeira. A selecção dos pontos para realojar os deslocados de Chã das Caldeiras tem sido objecto de reflexão entre vários elementos mais influentes da população local, para quem a sobrevivência está intimamente ligada à caldeira e ao vulcão. Em caso de eventual regresso, a população de Chã das Caldeiras defende “uma construção inteligente”, optando por habitações de um único piso e sem grandes estruturas. De acordo com Mustafá Eren, é necessário ter “casas e famílias mais bem preparadas para eventual transferência e ter caixas apropriadas para retirar os seus pertences”. “As pessoas devem aprender a viver com o vulcão”, argumentou, salientando que “quem vive na caldeira, devido à sua cultura, terá dificuldades em viver no exterior da mesma”. Para melhor defender os interesses e o posicionamento da população na tomada de decisão sobre a localização do novo espaço para o realojamento definitivo e sobre o futuro de Chã, foi criada uma comissão constituída por 13 elementos, sendo 11 representantes da população e dois escolhidos de entre pessoas amigas desta localidade, sem filiação político-partidária. A comissão, que vai ser apresentada a todos os habitantes de Chã que estão nos três centros de acolhimento mais os que estão na cidade de São Filipe, é composta por pessoas de diversas áreas e consoante o assunto em discussão será representada por elementos com conhecimentos e que dominam a matéria. A comissão funciona durante a fase pós-eruptiva e poderá evoluir para uma associação nos próximos tempos, tendo como objectivos participar na discussão do futuro de Chã, sobretudo na tomada de decisão sobre o novo local para o assentamento urbano, participar na gestão dos apoios financeiros, disponibilizados e que, na opinião da população, deve ser concentrada numa única instituição independente (Cruz Vermelha de Cabo Verde) e acompanhar a gestão dos donativos para evitar possíveis injustiça e que uma família receba mais e outra menos. A ideia, conforme explicou Mustafá Eren, não é de controlar mas apenas fiscalizar e acompanhar esse processo para garantir a transparência e o equilíbrio na distribuição. JR Inforpress/Fim

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