19 Março 2024

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Navio Vicente: Depois do relatório, os familiares das vítimas do naufrágio exigem justiça

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Depois do resultado do relatório sobre as causas do afundamento do Navio Vicente a 8 de Janeiro vitimando várias pessoas, neste momento, tudo o que os familiares das vítimas do naufrágio do Navio Vicente querem é que justiça seja feita e que os mesmos beneficiem dos seus direitos. Quase quatro meses após o acidente do Navio Vicente ao largo do Porto do Vale  dos Cavaleiros, na ilha do Fogo, com 26 passageiros a bordo, os familiares dos náufragos conheceram agora as causas do afundamento do navio. De acordo com o presidente do Conselho de Administração da AMP, António Cruz, as causas do naufrágio estão na sobrecarga do navio e na negligência grosseira do comandante; na declaração errada da carga efectivamente transportada  e nos passageiros embarcados  no Porto da Praia, e da deficiente actuação das autoridades na fiscalização do navio antes da sua partida. Entristecidos e sem alento, os familiares das vítimas apelam por justiça para que possam beneficiar dos seus direitos, pois os náufragos eram chefes de família. Maria Filomena Inocêncio, mãe de Danilson Inocêncio, jovem de 26 anos e tripulante do navio, recorda com nostalgia o filho e diz rezar todos os dias e pede para que o filho regresse a casa. A mãe diz que a ausência do filho lhe deixa muita falta. As consequências do acidente representam um peso grande para as famílias. Os familiares são quem suportam as despesas e as responsabilidades dos filhos das vítimas. Segundo conta Maria Filomena, o filho de três  anos e a companheira de Danilson foram morar em casa da mesma porque ficaram sem qualquer sustento. Assim, as responsabilidades do neto e da nora estão a cargo da mulher que também sustenta a família constituída por 11 elementos. A família vive apenas de uma pequena loja no interior da zona de Fernando Pó. O filho de Danilson tem tido apenas o apoio de uma cesta básica oferecida pela Câmara Municipal. Segundo a entrevistada, depois do relatório das causas do acidente, justiça deverá ser feita o quanto antes para que todos os familiares das vítimas possam usufruir dos seus direitos. Inocêncio afirma que o acidente foi uma negligência, pois poderia ser evitado, por isso, apela: “Eu quero justiça porque o meu filho era um trabalhador que estava a lutar pela sua vida e a da sua família. Deixou um filho que não poderá viver apenas de cestas básicas”. Emanuel João Rodrigues, irmão mais velho de Osvaldino de 28 anos conhecido por Vává, também tem sob a sua inteira responsabilidade o filho e a companheira de Vává, pois diz não ter trabalho fixo, mora numa casa de renda e é ali que vive com a sua família mais o sobrinho e a cunhada. O mesmo conta que passam por momentos difíceis, mas vai aguentando porque não poderia deixar o sobrinho sem protecção. Naiss recorda o irmão com muita nostalgia, pois diz que era o seu confidente e companheiro de todas as horas. O mesmo diz estar a aguardar por uma decisão para a resolução do caso porque o filho da vítima tem apenas dois anos. Para Naiss, o irmão era um jovem lutador, corajoso, mas teve uma infelicidade na vida cujos familiares lamentam muito, por isso, pedem que justiça seja feita, uma vez que “os familiares encontram-se desorientados”. O entrevistado considera que o acidente foi provocado pela mão humana deixando várias vítimas incluindo os filhos dos náufragos. Naiss espera que o Governo e a justiça resolvam o problema. Até ao dia 8 de Janeiro não se registaram mortos, mas muitas coisas aconteceram no nosso mar por causa da irresponsabilidade e negligência por parte das autoridades marítimas, mas só agora parecem realmente preocupadas.

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