29 Março 2024

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Naufrágio do navio Vicente: Anomalia nos tanques de lastro terá contribuído para o acidente

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“Trata-se de uma embarcação sub-standard, velha, e que apresentava rachaduras na chapa. Essas ranhuras permitiam a passagem da água de lastro entre os tanques, o que podia colocar em causa a estabilidade do navio”, explica esse capitão da marinha mercante. Segundo este especialista, o lastro exerce uma função importante na estabilidade e manobra do navio e, por aquilo que sabe, o problema nunca foi devidamente resolvido. “Sabe-se que o navio ficou com um adorno depois de carregado no Porto da Praia, mas isto é normal. Ora, essa inclinação pode ser compensada com o lastro. É possível que tenham feito isto, mas quando o navio está inclinado a água tende a deslocar-se para o lado da maior inclinação, o que aumenta o adorno. Se a embarcação apanhar uma vaga lateral potente pode não regressar ao ponto de equilíbrio”, explica a nossa fonte, para quem o trágico acidente do “Vicente” era por isso previsível. A passagem da água de lastro de um lado para outro não era, no entanto, o único problema do navio Vicente, conforme o citado capitão da marinha mercante. Este acrescenta que a água costumava invadir a casa das máquinas. Estes dados surgem um mês após o naufrágio, mas foram prontamente desmentidos por um inspector da Agência Marítima e Portuária. Este não só nega qualquer anomalia nos tanques de lastro do navio Vicente como também garante que o lastro não tem tanta influência no equilíbrio do navio como o capitão deixa entender. “O navio saiu da doca no passado mês de Outubro e estava operacional. Não foi registado nenhum problema, ainda mais nos tanques de lastro”, afirma o técnico da AMP, que evita entrar em mais pormenores porque, diz, está a decorrer um inquérito para apurar as causas do naufrágio. Acrescenta apenas que os navios devem andar com os tanques de lastro cheios para garantir uma maior estabilidade na navegação. E, estando cheios, a água não tem como “andar” de um lado para o outro, a ponto de provocar o desequilíbrio da embarcação. Vinte e seis pessoas estavam a bordo de “Vicente” quando o barco desapareceu nas profundezas do mar no mês de Janeiro, a cerca de quatro milhas da ilha do Fogo. Onze pessoas foram resgatadas com vida e apenas um corpo foi recuperado. São catorze pessoas que continuam desaparecidas, ninguém sabe onde, ao certo. Declarações prestadas à imprensa por um tripulante que sobreviveu ao naufrágio indicam que o barco estava sobrecarregado e inclinado quando zarpou do Porto da Praia. Ainda sobre este acidente, que está a ser investigado, diz uma outra fonte bem posicionada que o excesso de carga pode ser, sim, a causa deste terrível naufrágio.

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